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CAMINHO
DO MAR
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Por sua localização no litoral, São Vicente,
cidade da qual fazíamos parte, recebia o primeiro contato de quem
chegava de Portugal atravessando o oceano. Era um povoado com um
modo de vida rústico no século XVI.
Era de São Vicente que se tomava o caminho para subir a Serra do
Mar, chamada pelos índios de Paranapiacaba. Era um dos caminhos
mais difíceis de percorrer na época, mas só por meio dele se chegava
ao planalto, à vila de São Paulo.
Hoje chegamos de carro a São Paulo em 50 minutos. Relatos informam
que, quatrocentos anos atrás, a viagem levava quatro dias. As pessoas
aproveitavam os trechos navegáveis do rio Cubatão e depois subiam
a serra. Era tão íngreme a subida que em muitos momentos era necessário
andar de quatro e se agarrar na vegetação.
Você já sabe que os índios foram escravizados nesta região do Brasil.
Eram utilizados em diversos tipos de serviços, inclusive para carregar
nas viagens, em redes, os portugueses recém chegados e para transportar
nas costas as mercadorias do comércio do litoral com o planalto.
Eram eles que levavam o peso, serra acima, da farinha, da carne
e do açúcar. Em troca recebiam um tratamento desumano. Muitos tinham
para comer no dia apenas uma espiga de milho.
Não existiam estradas. Elas só foram construídas no final do século
XVII e, a partir dessa época, passou a ser possível utilizar animais,
como bois e mulas, para o transporte de carga.
A estrada que subia a serra era conhecida como o Caminho do Mar
e foi de suma importância para a economia brasileira. Por ela viajaram
os grupos que descobriram o ouro da região de Minas Gerais.
Por ela, também, durante muito tempo, foi trazido o ouro para ser
embarcado para a Europa. Nela passavam as tropas de mulas com mercadorias
para abastecer as vilas mineradoras e viajavam as pessoas em busca
das riquezas do sertão. A vila de São Vicente, nesta época, quase
ficou despovoada e empobrecida.
Em 1790, o Governador Bernardo José de Lorena mandou refazer e calçar
com pedras o Caminho do Mar. Desde então ele passou a ter o nome
de Calçada do Lorena. Hoje ainda existem trechos deste caminho que
foi construído por homens livres e escravos e, originalmente,
tinha 8 quilômetros de extensão, três
metros de largura, canaletas para desviar a água, muros, pousos
e paradas de tropas. Naquela época, só se podia percorrê-lo a pé
ou a lombo de mulas.
Com o tempo, a Calçada do Lorena foi substituída por outros caminhos,
ferrovias e rodovias e ficou muito tempo abandonada. Passou a ser
recuperada e restaurada por arqueólogos na década de 1990.
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CAMINHOS
DOS RIOS
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Outros caminhos eram percorridos por
estes homens e mulheres que aqui viviam ou que por aqui passaram.
Os mapas antigos mostram que os rios eram os caminhos mais utilizados
pela população da região.
Por esses mapas é possível observar que os rios eram muito utilizados
para chegar à Praia Grande e daqui partir para outros lugares como
Mongaguá e Itanhaém no litoral sul.
O transporte era feito por canoas que navegavam pelo rio Piaçabuçu
até a altura aproximada das Caieiras. Lá havia um porto de canoas,
chamado de Porto do Piaçabuçu, desse ponto em diante, as pessoas
seguiam caminho até a areia dura da praia e depois em direção à
Itanhaém.
O principal rio de acesso a esses lugares era o rio Piaçabuçu. Durante
muito tempo, Praia Grande era conhecida como Piaçabuçu ou o Caminho
de Conceição do Itanhaém. Além do rio Piaçabuçu, outros pequenos
rios também eram utilizados para o acesso aos sítios de Praia Grande
entre eles: Rio Guaramar, Rio das Cruzes e Rio Indaiatuba.
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ESGOTO
NA NOSSA PRAIA
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A construção da Ponte Pênsil em 1914
tinha por finalidade conduzir os esgotos de Santos para desaguar
no Itaipu. Isto fazia parte das intervenções urbanísticas propostas
na época pela Comissão de Saneamento, chefiada pelo engenheiro Saturnino
de Brito, para combater as epidemias que assolavam os santistas
(febre amarela, varíola, tuberculose). Com a Ponte Pênsil, por onde
começaram a trafegar carros, carroças e pessoas, a Praia Grande
passou a estar ligada a São Vicente. Isto era uma coisa boa para
os moradores da época. Mas, infelizmente, o esgoto que chegava em
nossa cidade para desaguar no mar poluía as nossas praias.
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A
VENDA DE TERRENOS
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A construção da Ponte Pênsil facilitou
o acesso das pessoas à Praia Grande. Com isso, os terrenos passaram
a ter um maior valor do que tinham antes. Ocorreu então o que se
chama de especulação imobiliária.
No início do século muitas pessoas queriam ganhar dinheiro fácil
com a venda de terrenos por alto preço. Na época, muitas pessoas
perderem suas terras em situações ilegais e outras se aproveitaram
e enriqueceram. Veja trecho da carta de B. Calixto:
S.Vicente, 23 de março de 1912
Amigo Narciso, (...) consta-me que você pretende ir a Conceição*,
justamente nestes dias, antes da Páscoa, e portanto veja se pode
chegar aqui em nossa casa para conversarmos. Temos muita coisa à
falar sobre esses negócios de Conceição e principalmente sobre essas
terras de Praia Grande tão procuradas e cobiçadas, agora, pelos
homens de negócio (...).
Falaremos, ainda, sobre a sorte desses pobres praianos, nossos patrícios,
e sobre o procedimento desse italiano que pretende despojá-los do
único bem que possuem: as suas terras.(...)
Calixto"
* Hoje Itanhaém.
Com o aumento da procura de pessoas que queriam veranear, os terrenos
da Praia Grande passaram a ser loteados. Foram construídas residências
de temporada e um hotel. Desde então, a cidade passou a viver do
turismo.
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O TURISMO
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No início do século XX, os banhos de mar tinham caráter diferente de hoje. Eram recomendados com fins terapêuticos, para tratar da saúde, por conta da concentração de iodo. As pessoas vinham para a Praia Grande se banhar ao raiar do dia, ainda de madrugada. Vestiam geralmente como trajes de banho duas peças feitas de baeta, um tecido felpudo de lã: calça até os tornozelos, camisa de mangas compridas, franzida e com abas.
Ao longo dos anos, o turismo da cidade sofreu transformações. Na década de 60 e 70, a cidade recebia o turista de um dia, que vinha à praia para se divertir no mar. Para atendê-lo, existiam cabines de banho e até maiôs que podiam ser alugados. O comércio procurava atender o gosto deste turista.
Durante muito tempo, apesar de muitas pessoas chegarem na cidade, não havia infra-estrutura suficiente para atendê-las. Vários ônibus chegavam e ficavam ao longo da praia. As famílias traziam o que comer e não se importavam com o lixo que produziam. A areia, o mar, as ruas e as praças ficavam muito sujas.
Hoje, o turismo tem outra característica. As cabines deixaram de existir e deram lugar a outras atividades comerciais e serviços. Mas, será que o lixo do turista ainda é um problema para a cidade?
Como é o turismo hoje em Praia Grande? Qual a relação entre turismo e comércio para o desenvolvimento da cidade? Como os turistas utilizam hoje a praia? Existe algum trabalho para conscientização dos turistas e moradores para a preservação de nossas praias?
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AS PRAIAS LIMPAS
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Na administração do prefeito Alberto Pereira Mourão de 1993 a 1996
foi elaborado um projeto para reurbanizar a orla, incentivar o turismo,
o comércio e, principalmente, os investimentos na construção de
prédios e casas. A idéia era fazer a Praia Grande ficar bonita e
agradável para o turista e para o seu morador. Como conseqüência,
a cidade deveria crescer e enriquecer.
Durante muito tempo, a Praia Grande foi conhecida por suas praias
sujas e feias. Havia muito preconceito contra a cidade.
Com as reformas, os moradores começaram a valorizar a cidade e a
criar com ela uma identidade.
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